quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Ensolarado

Pegou do pão amanhecido e serviu-se à mesa. Descontente e acabrunhado.
Sem ideias para aquela manhã, com fastio para o almoço e nenhum feliz futuro para a noite de lua nova.
Olhava em volta e os fatos estavam todos desfocados. Revirava o cérebro na vã tentativa de entender-se e desistia.
Sua cabeça de tão oca, deixava-lhe ouvir o sonar de seu coração emitindo batidas do código Morse.
Pegou da camisa estirada nas costas da cadeira, surrada e batida de tanto tê-lo sentado.
E, então, bateu-lhe uma vontade louca de singrar os sete mares. De deixar para trás as profundezas inóspitas. Abandonar o navio e num bote de um remo só, e sem enjoar, enfrentar a maresia.

Abriu a porta e deparou-se com o dia. Radiante, convidativo, empático, ensolarado.

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