quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Elas por elas


Espartilhos. Rouge. Vestido bem cintado. Negociável? Só a opressão.
Batom. Cílios longos. Salto alto. E pernas pra que te quero.
Mundo ganho. Voou, pilotou, velejou, construiu, musicou, governou.
Críticas e vaias, nariz empinado e peito pra frente.
O cabresto se insinuando, e daí? Não é com esta gente.
Ainda que haja choro, ainda que haja ranger de dentes, e daí? Não é com esta gente
E lá vão elas. E lá vão elas.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

ARENDT


O mal é extremo, quando o bem não ronda. E por que o bem não ronda?
O mal arromba, enquanto o bem pede, timidamente, passagem.
 Por que o bem se insinua tímido?  - Talvez para não parecer desordeiro.
Desordenar os pensamentos e descontinuar os que estão em voga cansa. É tão problemático dar ordenação e solução aos problemas, aliás, tantos deles nem tem solução. Para que tentar? Afinal, não vale a pena ser metido a besta, não há retorno.
O mal contunde e faz tudo rolar escada a baixo mesmo. Que diferença faria pensar em corrimões?
Alinhar o pensar bem é difícil, pensa que não?
Cidadão comum, um ninguém. Autoria é com “a autoridade”.
Quem é autor do mal? Quem é autor do bem?
O mal banal não cabe na cabeça de ninguém.
E cabeça foi feita pra pensar.
Bom seria se Eichmann pudesse achar que podia pensar, pensar bem.