quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Insolente

Insolente! Diz não a uma ordem direta do chefe da Segurança. Discorda em alguns pontos da máxima do mais renomado Filósofo. Insolente!
Declina da pasta de ministro oferecida pelo Presidente. Questiona a equação que deu origem à Lei da Gravidade porque há na Curvatura do Tempo certa verdade. Insolente!
Desconstrói alguns cálculos matemáticos de Professores de universidades renomadas, apresentando vertentes jamais imaginadas.
Ele adora estar envolto no risco do mar revolto, decapitando as Cristas das ondas, como um surfista alucinado. Insolente!

Ele tem garras, tem ganas, mas não para derrubar autoridades e suas patentes, mas para ver tudo sob um novo prisma. E como a vida precisa de Insolentes cheios de criatividade e de vida!!!

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Solução de continuidade

De dia, de noite, de dia, de noite, a esfera gira no próprio eixo.
Já se pensa em solução de continuidade para a Terra. A Terra pensa ao contrário, pensa em continuidade para solução. E segue seu caminho, noite e dia, sem cansaço, sem tédio. Aproveitando o claro do sol e o ninar da lua. Adora cada estação. Permanece lá, na imensidão azul, girando em torno de seu eixo, carregando os seres humanos em busca de encontrar seus eixos.
Resoluta, impávida não teme nenhum buraco negro. Gagari, ao vê-la, por sobre e em volta, atestou que era azul e jamais pode esquecê-la. Um ninho, um abrigo, um transporte. A Terra se encaminha, encaminhando seres solitários mergulhados no azul perseguindo a solução.
Esses temem o fim, a Terra não. Esses observam atentos o funil de anti-matéria, fazem cálculos, equações, querendo prevenir-se.

E a Terra continua movendo-se segundo a programação. Azul, tranquila pensando em continuidade. Glamorosa, infalível, realmente uma “beldade”! 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Um pouco disto e um pouco daquilo

Tudo e mais um pouco é o que se quer da felicidade. Nada queremos da dor. Entretanto, e por enquanto, teremos sempre, um pouco disto e um pouco daquilo.

Às vezes, é bem pouco, o pouco que se tem da primeira e bem muito, o pouco da segunda. Tem gente que acha o tanto de dor, nem tanto, são chamados otimistas. Tem gente que acha o tanto da felicidade, bem pouco, são chamados realistas.

Dizem por aí que realidade e ficção se misturam na vida, fora das telas, dos livros e de nossa imaginação. Se ficção é ser otimista, é ver o bem pouco da dor; é bom ser aficionado pela vida fictícia.
Se ser realista é ver a felicidade sendo- “tão pouco”, é melhor ser ficcionista.

Bem, mas, tudo bem em se ter um pouco disto e um pouco daquilo. Porque não dá para viver sem os opostos, já dizia Lulu: “não haveria luz se não fosse a escuridão, a vida é mesmo assim de noite, não e sim”.


Conviver com a duplicidade é preciso e aos poucos se vai ficando expert em descobrir o caminho certo, para ter mais disto ou daquilo.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Caminhos tortuosos

Noite muito escura. Janelas fechadas. Trilhas? Que nada.
Só você, você só, no ermo desconhecido. A sorte era a lua que brilhava, não mostrando o caminho, não, e sim as feridas. Aquelas de que você fugira naquela noite fechada.
- “Que lua? A noite estava escura”!
Sim, mas esta lua era a que brilhava dentro de você, a sorte era a que você tinha de ter a lua por dentro. De toda sorte, o fato permanecia, você estava perdido e não sabia o caminho de volta.
Não era a primeira vez. Não achando ter a lua e nem sorte, você se desesperava. Embrenhava-se em qualquer canto, em qualquer canto ficava. Ia indo, ia indo e a estrada segura de volta, que nada.
Os caminhos tortuosos você inventa, as noites sem lua, também. Basta desinventar os cantos, o escuro, as janelas fechadas.
Aconchegue-se à lua, bem dentro de sua casa, e as feridas? Que nada!



sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Idas e vindas

 O guarda chegou correndo, anunciando um parto na esquina.
A parturiente deitou-se na soleira de uma loja e o pequenino vinha vindo.
O enfermeiro da clínica pegou os apetrechos e deslizou para o local. Voltou uma hora depois, cheio de júbilo e manchas de sangue.
O pequeno chegou, cheio de ânsia e de medo. Em silêncio, primeiro, e gritando, depois.
Chegara a este mundo! Espantado ouvia e via tudo. Viu a ambulância e foi colocado dentro dela. Ouviu um barulho esquisito: “seriam trombetas anunciando sua vinda”?
Enroscado em panos e aconchegado àquela mulher. “A mãe”, lembrou-se dela. Já tinha visto antes aquele semblante, mas, onde? Quando? Esforçou-se para perguntar, mas ninguém respondia. Esforçou-se, então para lembrar sem perguntar, lembrou-se.

Uma vez, tinha vindo, ido e agora, estava de volta. Sentiu medo e enroscou-se mais e mais àquela mulher. Passou a não pensar nada, limitou-se a escutar. E escutava as trombetas, por que tanto alarido? Sem respostas ou afazeres, aquietou-se, aceitando o desembarque para lugar ignorado. Aconchegou-se à mãe e mamou.
(Homenagem ao Hilton, gerente da Gonçalves Sobrinho)

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Rumores

Há rumores.
De que estamos no fim. De que não somos de nada. Que o final é sempre a morte.
De que não se deve confiar na sorte. De que o azar é sempre certo.
De que “cada qual no seu canto e em cada canto uma dor”. De que é o fim da festa.
Rumores, rumores sempre há. Rumores, tal qual boatos, esfumaçam depois do fogo e para incêndios, nada melhor que água.
 Mas há rumores que o líquido precioso está acabando. “Água pra beber, água pra lavar, água pra curar ferida”.
Ouçamos os rumores sem sonegar ouvidos. Toda atenção é devida e de vida ou morte deve ser o caso da ação.
Fazer um novo começo, melhorar até a morte, não dar chance pro azar e nem as costas pra sorte. Aconchegar-se abandonando o canto e cantar para que a festa não acabe. Usar a água para apagar incêndios e bebê-la para curar ferida, tudo sem desperdiçar.
Há rumores.

E de rumores em rumores, há sempre como encontrar pendores. Sempre há.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Sonhos

Beijos frios, dentes brancos, flores pretas, risos falsos.
Mesa posta, gente se aproximando sorridente. Bolos, tortas, ameixas e maças. Risos francos.
Um dia de chuva. Entardecendo, rapidamente. Nuvens e mais nuvens, sem arrebentarem e corridas pra dentro. Das lojas, dos lares, dos carros e mais risos, gostosos.
Noites estreladas, desejos pronunciados pelo sussurro, os mesmos plasmados, bem à frente dos olhos. E risos de puro entusiasmo.
Uma dor no peito, muito aguda, toda impertinente e sem antecedentes. Não mais risos, pranto.  Tanta angústia, e de repente uma mão, carinhos sobre o peito, bolhas de sabão super- coloridas e a dor se vai, apenas um sonho.
Uma sala, homenagens, seu nome e um sorriso pleno.
 Um sonho: ser proscrito, não ter lar e muitas terras para ver, tocar numa banda itinerante e viajar só, em uma moto azul-céu. Sonho de olhos abertos, de coração partido, mas de peito arfante, ardente e certamente decidido.
Sonhos nas noites escuras, nos dias sem sol e no entardecer.

 Sonhos e mais sonhos alimentam a vida, alimentam-nos.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Hugs seek for love

Hugs tell a lot about love, more than shaking hands.
Hugs transfer healing from chest to chest. Hearts synchronize and hurts go away.
After being consoled inside arms, the being feels like quitting from Army.   
Surrounded by the atmosphere of one who cares, he stops fooling around.
Love teaches hugs to cure beings. Beings seek for hugs.

Hugs seek for love.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Mais suor do que sangue

Arrego, entrego os pontos, me rendo, mudo.

Não é preciso mais chegar à esgrima, à estocada no coração ou à bala perdida que acha o cérebro porque acha que alguma coisa nele precisa parar.

Não preciso de muito esforço para arrumar a lista das falas fora de hora, da agressividade, do olhar de desdém com as virtudes alheias e aí, me rendo, juro que mudo.

Remexerei bem o baú do inconsciente, encontrarei valentia para limpar a sujeira. Faxinarei os preconceitos, os velhos traumas e entregarei os pontos, mudarei.

Sei que dá um certo medo, ter a espada por entre as costelas exigindo a transformação. È horrível ouvir os mesmos telefonemas de ameaças, não anônimas, mas da culpa. E o que dizer da velha nuvem de má sorte me rodeando, a mando de minha baixa estima.

Mas, é preciso mudar, todo novo ano aclama a virada, a volta por cima, o novo eu.

Eu, agora, sei que para mudar só é preciso suor, o sangue que se achava ser necessário, nunca mais.