terça-feira, 31 de julho de 2018

Se é para morrer, qual a razão de viver?


Encaixados no sistema, sem muita satisfação.
Cientes do processo, sem nenhuma aceitação.
Lá pelas tantas, alguém resolve reverberar a pergunta milenar incrustrada: “se é para morrer qual a ...
Talvez, pizza!
Pode ser, depende da qualidade da pizza e o alívio do inquiridor.
Motivos rasos ou falta deles não para a engrenagem. A morte sempre vem sorrateira e intransigente.
Cientes insipientes, rebeldes encaixados, adoradores de motivo, perguntadores de plantão acabam todos encaixotados.
Enviados, para onde?
 Por preguiça e procrastinação do saber, insistem em responder : “com destino ignorado”,


quinta-feira, 26 de julho de 2018

Tempos futuros


Logo, logo nos adaptaremos.
Mais rápido do que pensamos teremos nosso coração em paz.
Em breve seremos libertos. A leveza nos alcançará.
Flutuaremos como balões cheios de hélio, coloridos pairando sob a urbanidade.
Cheios de visão do alto.
Em tempo, não precisará haver correções.
Sutilmente a esperança nos invadirá, fechando o balanço de dores no azul. Caso encerrado.
Sem déficits, contabilizados em dia.
Mais cedo ou mais tarde sorriremos sinceramente.
Sem premunição, mas predestinação. Um destino cavado, caçado e suado;
No vale das sombras não temeremos mal algum. Ah! Ele estará lá, mas nós seremos expert no assunto.
Os tempos futuros serão assim: nós no pedaço, dominando o tempo.
Mesmo que tempo e espaço e esperança sejam, relativamente, inexistentes.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Devido à dor

Há choro, caretas, muxoxos.
 Não há como aderir ao negócio da vida sem o quesito.
Não há como espernear, mandar de volta a adesão rasgada e fazer claras oposições ao item incluso.
Possível mensagem resposta, enviada: “vá se acostumando”.
Há mais luta, mau humor, revolta e motim. Assim, mais juros e dividendos somam-se
ao prejuízo do negócio.
Para ter lucros é preciso estilo.
Uma bossa de “estar aí para o que der e vier”. Jeito de “matar um leão por dia”. Ginga de “haja o que houver, custe o que custar”.
O que é devido à dor é se ter estômago.
Devido a dor estar lá, com letras miúdas, e ter sido ignorada no contrato, o jeito é dar de ombros e “never mind”.
Em outras palavras; deixa para lá e o que importa!
Continuar com algum choro, muxoxo, caretas e seguir com o negócio.


sexta-feira, 20 de julho de 2018

Abracadabra


Neste impasse, que simples seria se fosse num passe de mágica que a solução viesse
É tão ridiculamente possível ser assim.
 Então por que se rejeita a possibilidade?
A mágica sempre parece sustentar o truque, o impossível, a ausência de esforço.
E cruzes, nada é admitido sem labor.
No entanto, quanto suor e disciplina precisa o mágico para oferecer um espetáculo.
Assim sendo, pode-se pensar na solução mágica com mais simpatia.
Semanticamente a palavra está ligada a maravilha.
Portanto, algum suor, um pouco de resistência e aceite os aplausos.
A matéria prima da mágica é a busca amorosa da saída do fundo de um poço sem graça e sufocante.
Abracadabra!!!

terça-feira, 10 de julho de 2018

“Bem-te-vi”


Os bem-te-vis avisam que nos viram. Apontam-nos dos observatórios mais altos.
Entramos em flash.
Chorosos. Efusivos. Em falcatruas. Em grandes empreitadas. Encrencados. Em boa companhia.
À espera. À espreita. À deriva. Mansos. Ardilosos.
Somos vistos e anunciados. Somos presenciados e acompanhados.
Nunca estamos sós, é verdade?
Os bem-te-vis nos anunciam com alegria na voz. Neutralidade e amizade no depoimento.
Não há uma “guerra fria”.
São criaturas lindas, aladas.
Arautos de companheirismo e fraternidade.
“Olhai os pássaros do céu”, pois que eles nos olham.

domingo, 8 de julho de 2018

Deixa estar


O tempo das nuvens, o tempo das gotas, o tempo da secura, na antiga estação de trem, esperam para embarcar.
Chegando à mesma cidade, os três respeitam o afazer um do outro e aguardam sua hora.
Você é escolhido para recebê-los.
Acolhem-se em tua casa.
 Tem que ser anfitrião prestimoso.
Enverga-te. Dobra-te. Deita-te como tapete para que eles passem.
Teu céu ensombra-se. Tua colheita apodrece úmida. E a estiagem em teu peito não deita nenhum broto.
Mas deixa estar.
Teus hóspedes tem passagem de volta comprada. Em breve, o apito na estação deixará teu sítio baldio.
Tua casa esperando a nova decoração.
Flores? Espinhos? Desolação?
There will be na answer.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Responsável


Culpado! Vil!
O trotar de pés apressados em fuga.
Rosto entre as mãos, pavor na respiração.
Não há conserto. Não sobrou ninguém. Nada se move. Nenhuma ação, nenhuma outra emoção. Estagnação no label.
Durante anos, as palavras na arteriosclerose forçam passagem.
O coração ainda é vil. E o resto tenta tomar outra indumentária.
O vilão quer chegar com o elixir, na terceira jornada do personagem. Não acontece.
Ninguém permite.
 O rosto entre as mãos permanece na tentativa de não lograr enxergar-se.
Porém, agora, já deu. Basta.
Ressurgir das cinzas é um sistema institucionalmente criativo. Funciona há séculos.
Assim, saído da caverna escura, atravessa o terceiro limiar e de peito aberto, negocia a vilania.
Algum impedimento? A vítima estanque no portal. Ainda gritando as palavras.
 Mas, ora veja! O muito querer desentupira as artérias.
E o herói? O peito liberto lhe cede ar suficiente para a travessia.