sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Saraivada de balas


Começando pelo fim e o fim não foi a morte.
Tudo deu certo, porque assim é que é.
Sem corpos estendidos no chão. A tribo e os convivas estavam de pé.
Só risos e sorrisos.
As balas eram divididas e a Pinhata balançava desfeita.
O colorido das balas enfeitavam as crianças coloridas. Sentadas em roda, repartindo o pão.
Repartir e correr junto para o desafio era a graça.
Nem vencidos, nem vencedores.
Os felizes reinavam. O lema, na África, permanecia.
Os convivas não entendiam, mas festejavam.
UBUNTU amigos, UBUNTU, assim é que é.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Você é humano


Você é do tipo que não pode ver uma estrelinha no chão, que estanca o passo e dá um jeito de apanhá-la?
É, uma estrela, tipo confete, lantejoula, recorte de papel, acrílica, sei lá...
Abaixa pega, e se ela gruda no dedo, desgruda-a com cuidado e fica a admirá-la.
Uma alegria danada no peito.
Do tipo que fareja o desenho estelar do chão de uma praça?
Que exulta na descoberta de uma supernova?
Que , quando um personagem do cinema, deita no gramado a olhar o céu apinhado de estrelas cisma: “por que não eu?”
Aquele tipo que se lembrando do Far West, quer prestar honra à estrela do Xerife?
Não quer ser astronauta, mas sabe ter um céu por teto (onde moram as estrelas).
É? É do tipo?
Você é humano.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Primavera


Floresça se for capaz! Força, coragem: margaridas, acácias.
Amadureça: violetas, begônias, de maio.
Regue-se, indulgencie, esqueça: rosas, lírios, edelweiss.
Tranquilize-se, compreenda, adube, cresça. Eu não duvido um só momento, que seja possível e vou te incentivar até cansar.
E direi o tempo todo, “que vejo flores em você, que vejo flores em você”!


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Elas por elas


Espartilhos. Rouge. Vestido bem cintado. Negociável? Só a opressão.
Batom. Cílios longos. Salto alto. E pernas pra que te quero.
Mundo ganho. Voou, pilotou, velejou, construiu, musicou, governou.
Críticas e vaias, nariz empinado e peito pra frente.
O cabresto se insinuando, e daí? Não é com esta gente.
Ainda que haja choro, ainda que haja ranger de dentes, e daí? Não é com esta gente
E lá vão elas. E lá vão elas.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

ARENDT


O mal é extremo, quando o bem não ronda. E por que o bem não ronda?
O mal arromba, enquanto o bem pede, timidamente, passagem.
 Por que o bem se insinua tímido?  - Talvez para não parecer desordeiro.
Desordenar os pensamentos e descontinuar os que estão em voga cansa. É tão problemático dar ordenação e solução aos problemas, aliás, tantos deles nem tem solução. Para que tentar? Afinal, não vale a pena ser metido a besta, não há retorno.
O mal contunde e faz tudo rolar escada a baixo mesmo. Que diferença faria pensar em corrimões?
Alinhar o pensar bem é difícil, pensa que não?
Cidadão comum, um ninguém. Autoria é com “a autoridade”.
Quem é autor do mal? Quem é autor do bem?
O mal banal não cabe na cabeça de ninguém.
E cabeça foi feita pra pensar.
Bom seria se Eichmann pudesse achar que podia pensar, pensar bem.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

“Vão indo bem, obrigada”.


Vê-se sempre obrigada a dizer o mesmo.
A quem interessar possa; detalhes das psicopatias, das perdas, dos danos, não, certamente, não.
Custa-lhe a crer que esta realidade passa por atualizações automáticas, então que se lance mão de uma paralela.
“Vão indo bem”.
À noite, mal dorme. Enumera detalhes e listas das dores deles.
Arranja saídas, discursos sensíveis tomados como  censores. Medidas desesperadas.
Encolhe-se toda debaixo das cobertas. Afinal, são arranjos inexequíveis.
Logo, estica-se, apruma-se, tentando entregar a Deus o que é de Deus.
Tem certeza que Cesar pegou sua parte e um pouco a mais.
Vê o novo dia chegar, sempre o mesmo.
Sem ilusões, mas cheia de invencionices, tem tudo na ponta da língua.
“..., obrigada”.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Vamos fugir


Desmantelada a cabana. Roupas na trouxa. Convite para debandar.
Não queremos mais ficar.
A paciência não vingou e a mudança de ares se impôs.
Nossas caras contra o vento, desejosas que bons ventos nos levem.
O alimento pouco e a paz nenhuma.
Então, por que ficar?
Que lugarzinho árido! Vamos fugir. A pé, de trem, pra lá, pra acolá.
Se ninguém mais quiser, vamos sós.
 De dentro pra fora já tentamos e deu em nada.
Agora, fujamos de fora pra dentro.
Achamos que desta vez, vai dar!!!!

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Casal 20


Ele falou deles e do amor.
Pediu que se amassem sempre daquele mesmo jeitinho.
 Falou que também os amava.
Eles ficaram ruborizados.
Com coração aos saltos, envolvidos naquele abraço que ele aprontou.
Ele, sem embaraço, continuou a falar de inspiração.
 Do amor que nunca teve, não falou não.
E os estreitou mais.
 Ficaram os três sem ter mais nada a dizer.
Embaraçados procurando palavras de desfecho, com se precisassem.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Sem porta e sem janela (out of the box)


A mente aprisionada encurtou. Ficou metida numa medida exígua.
Já sofrendo de claustrofobia, não teve como criar, aspirar, sonhar.
O que esperavam?
 Sob o pretexto de educá-la, colocaram-na em cárcere. Trancada a sete chaves e jogaram todas fora.
 Mas um belo dia...
 Sabe-se lá como, ela fugiu.
Encontrou seu lar, um sem porta e sem janelas.
Inflada de tanto ar, explodiu em mil projetos, proposições, novidades.
Alta com tanto espaço virou em várias rodadas, sem tomar a mão errada.
Nada mais de esquinas e encruzilhadas. Estava emancipada.
 Livre sem ser reacionária.
 Nem pró, nem contra, só ativa.

(Riverside school)

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Tratos à bola


Em nossa esfera, na atual atmosfera, o cérebro humano tem dado tilt.
 O coração, órgão vital, tem, também, estado fora de ação.
 E mesmo com todo o diagnóstico de morte, continua-se vivo.
E no jogo de existir o “cogito, ergo” cai pra escanteio.
Airados e aéreos, a coisa toda da “vida” para de funcionar.
Sem tratos à bola, não há empate, nem vitória, nem derrota.
O juiz pode apitar e pegar a pelota.
Não pensar, ultimamente, é nova regra do jogo.
E mil tarefas, fitness, business, happy hours são estratégias de campo.
O cérebro e o coração ficam no banco.  
O final só pode ser jogadores dispersados e sem luz no fim do túnel.

terça-feira, 31 de julho de 2018

Se é para morrer, qual a razão de viver?


Encaixados no sistema, sem muita satisfação.
Cientes do processo, sem nenhuma aceitação.
Lá pelas tantas, alguém resolve reverberar a pergunta milenar incrustrada: “se é para morrer qual a ...
Talvez, pizza!
Pode ser, depende da qualidade da pizza e o alívio do inquiridor.
Motivos rasos ou falta deles não para a engrenagem. A morte sempre vem sorrateira e intransigente.
Cientes insipientes, rebeldes encaixados, adoradores de motivo, perguntadores de plantão acabam todos encaixotados.
Enviados, para onde?
 Por preguiça e procrastinação do saber, insistem em responder : “com destino ignorado”,


quinta-feira, 26 de julho de 2018

Tempos futuros


Logo, logo nos adaptaremos.
Mais rápido do que pensamos teremos nosso coração em paz.
Em breve seremos libertos. A leveza nos alcançará.
Flutuaremos como balões cheios de hélio, coloridos pairando sob a urbanidade.
Cheios de visão do alto.
Em tempo, não precisará haver correções.
Sutilmente a esperança nos invadirá, fechando o balanço de dores no azul. Caso encerrado.
Sem déficits, contabilizados em dia.
Mais cedo ou mais tarde sorriremos sinceramente.
Sem premunição, mas predestinação. Um destino cavado, caçado e suado;
No vale das sombras não temeremos mal algum. Ah! Ele estará lá, mas nós seremos expert no assunto.
Os tempos futuros serão assim: nós no pedaço, dominando o tempo.
Mesmo que tempo e espaço e esperança sejam, relativamente, inexistentes.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Devido à dor

Há choro, caretas, muxoxos.
 Não há como aderir ao negócio da vida sem o quesito.
Não há como espernear, mandar de volta a adesão rasgada e fazer claras oposições ao item incluso.
Possível mensagem resposta, enviada: “vá se acostumando”.
Há mais luta, mau humor, revolta e motim. Assim, mais juros e dividendos somam-se
ao prejuízo do negócio.
Para ter lucros é preciso estilo.
Uma bossa de “estar aí para o que der e vier”. Jeito de “matar um leão por dia”. Ginga de “haja o que houver, custe o que custar”.
O que é devido à dor é se ter estômago.
Devido a dor estar lá, com letras miúdas, e ter sido ignorada no contrato, o jeito é dar de ombros e “never mind”.
Em outras palavras; deixa para lá e o que importa!
Continuar com algum choro, muxoxo, caretas e seguir com o negócio.


sexta-feira, 20 de julho de 2018

Abracadabra


Neste impasse, que simples seria se fosse num passe de mágica que a solução viesse
É tão ridiculamente possível ser assim.
 Então por que se rejeita a possibilidade?
A mágica sempre parece sustentar o truque, o impossível, a ausência de esforço.
E cruzes, nada é admitido sem labor.
No entanto, quanto suor e disciplina precisa o mágico para oferecer um espetáculo.
Assim sendo, pode-se pensar na solução mágica com mais simpatia.
Semanticamente a palavra está ligada a maravilha.
Portanto, algum suor, um pouco de resistência e aceite os aplausos.
A matéria prima da mágica é a busca amorosa da saída do fundo de um poço sem graça e sufocante.
Abracadabra!!!

terça-feira, 10 de julho de 2018

“Bem-te-vi”


Os bem-te-vis avisam que nos viram. Apontam-nos dos observatórios mais altos.
Entramos em flash.
Chorosos. Efusivos. Em falcatruas. Em grandes empreitadas. Encrencados. Em boa companhia.
À espera. À espreita. À deriva. Mansos. Ardilosos.
Somos vistos e anunciados. Somos presenciados e acompanhados.
Nunca estamos sós, é verdade?
Os bem-te-vis nos anunciam com alegria na voz. Neutralidade e amizade no depoimento.
Não há uma “guerra fria”.
São criaturas lindas, aladas.
Arautos de companheirismo e fraternidade.
“Olhai os pássaros do céu”, pois que eles nos olham.

domingo, 8 de julho de 2018

Deixa estar


O tempo das nuvens, o tempo das gotas, o tempo da secura, na antiga estação de trem, esperam para embarcar.
Chegando à mesma cidade, os três respeitam o afazer um do outro e aguardam sua hora.
Você é escolhido para recebê-los.
Acolhem-se em tua casa.
 Tem que ser anfitrião prestimoso.
Enverga-te. Dobra-te. Deita-te como tapete para que eles passem.
Teu céu ensombra-se. Tua colheita apodrece úmida. E a estiagem em teu peito não deita nenhum broto.
Mas deixa estar.
Teus hóspedes tem passagem de volta comprada. Em breve, o apito na estação deixará teu sítio baldio.
Tua casa esperando a nova decoração.
Flores? Espinhos? Desolação?
There will be na answer.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Responsável


Culpado! Vil!
O trotar de pés apressados em fuga.
Rosto entre as mãos, pavor na respiração.
Não há conserto. Não sobrou ninguém. Nada se move. Nenhuma ação, nenhuma outra emoção. Estagnação no label.
Durante anos, as palavras na arteriosclerose forçam passagem.
O coração ainda é vil. E o resto tenta tomar outra indumentária.
O vilão quer chegar com o elixir, na terceira jornada do personagem. Não acontece.
Ninguém permite.
 O rosto entre as mãos permanece na tentativa de não lograr enxergar-se.
Porém, agora, já deu. Basta.
Ressurgir das cinzas é um sistema institucionalmente criativo. Funciona há séculos.
Assim, saído da caverna escura, atravessa o terceiro limiar e de peito aberto, negocia a vilania.
Algum impedimento? A vítima estanque no portal. Ainda gritando as palavras.
 Mas, ora veja! O muito querer desentupira as artérias.
E o herói? O peito liberto lhe cede ar suficiente para a travessia.

quinta-feira, 8 de março de 2018

A piece of cake


In a desert, a voice claims for a dessert. A mind that couldn’t bare despair, solitude and cold any longer.
One day supposed everything should be a piece of cake.
Never before, it had been so uneasy. Days became harder than a mountain of titan all of sudden.
Nights and days had found her reasoning so smashed that potatoes couldn’t have done better.
Smart once, all answers at her fingerprints. Tears? Never.
Now, a burst of crying comes easily.
The voice yelled.
The desert listened and gave it back.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Desafiando a morte

Sempre começava assim. De muito pensar, o suor escorria.
Depois foi indo pra dentro da fera.
Sentia o afiado e brilho de seus dentes com a ponta dos dedos.
Encarava seus olhos em meio ao breu. Enfim, se acostumara.
Rondava-a, enquanto era escrutinado.
Rugido contra rugido.
Decidiu, por fim, olhar os arredores. Não era tanto de assustar.
Cogitou de um fake.
 Passou a espiá-la, quando desprevenida.
Concluiu que era como em antigo estúdio da telona, a Metro Goldwyn Mayer.

A fera aparecia, “três rugidos e o resto era fita”.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Nestes termos

Leu tudo? Tim tim por tim tim? Cada vírgula? Nas entrelinhas? E as palavras miúdas?
Contrato é contrato, assinou sem ler... Há tratos de boca, são os piores. Palavras o vento leva, não?
Mas há que se confiar em alguém. Se bem que a CIA elege termos exatamente ao contrário. E tem algo parecido em um livro sagrado; “Ai do homem que confia”...
Chato é que existe uma lei, com contrato e tudo; lei da cooperação. Confiar e depender são os termos da sobrevivência. Sem aliados, nada feito.
A vida é um contrato com a morte. Você nem assina, mas está fechado. Andar na linha estirada entre uma e outra é que depende de termos e esses já estão lançados.

“Only with a little help of some friends”.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Florescer

É, acontece na primavera. Acontece na época do fruto.
Sem flor, sem fruto. Flores parecem ser coisa de quando Deus vai pegar pesado e adula primeiro.
Mais são belas, são belas.
Quando não há a florada, nada de café.  Sem elas, nada de Holambra.
E balda de seu perfume, de suas cores; o que seria da Terra?
Seus filhos estariam condenados a viver em preto e branco. De Gaia sem brincos, sem tiara.
Floresçam flores, por favor! Dentro de nós, impreterivelmente.

 Nos arredores, piedosamente.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Mesmo eu não estando aqui

Um lembrete. Um tipo de mantra. Uma mágica doce.
Sentir-se convidado. De túnica alva, sem pranto. Ilustre, sem solidão.
O pedacinho de papel branco, preso na porta (Entre), não prescrevia, ofertava.
Não era imperativo, mas futuro do presente.
Alguém não estando, ainda seria uma dádiva.
Sempre uma alternativa, nunca um beco sem saída. Pra cada pergunta uma opção com um x.
Pra uma lágrima, uma risada. Todos os cantos, iluminados.
 E entrava-se então.  Sem riscos.

 Plenamente acompanhado. 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Bate na madeira

Afasta de mim os contratempos, os do contra e os que vêm ao meu encontro.
Pedi e obtereis. Todavia, cuidado com o que se pede.
Quero a interconectividade, mas não me venha com tanta diversidade.
Aceito no Face. Sigo no Twitter.
 Visito o Instagram, mas não gosto da sua viber.
 Odeio essa, aquela e a outra.
Viver sem conviver é possível? Conviver sem outro?
 As respostas são clássicas.
 Mas “bate na madeira”, igualzinho pra morte. Há que existir, entretanto, pra longe de mim.
Convenhamos, a espinha dorsal do plano de dados de Iphone, Android e Smart é gente.
E aí?
“Ai, a quarta guerra mundial”!!!  “Bate na madeira”.