terça-feira, 9 de dezembro de 2014

“Vós sois deuses”.

O anzol bem leve balançava no ar, por segundos, sem conseguir a pesca. O homem insistia. E mais uma vez, o balé estranho do anzol encantava quem assistia.
Mais uma tentativa, e lá se foi o anzol, parou quietinho na ponta da toalha e fisgou o objeto, direitinho.
 O homem resgatou a toalha do telhado da sacada do prédio vizinho.  Radiante e sorridente, sob os aplausos silenciosos de outros homens, que em outras sacadas, ensinavam pipas a voar.
Sua pesca estranha era a vitória do engenho sobre o desafio. Pensou, organizou e concretizou, como um Deus a criar. Os outros homens, que rendiam suas homenagens ao pescador insólito, também eram especiais. Faziam voar e comandavam o bailado das pipas, simplesmente divinos.

E então, o homem voltou para a sala, com seu peixe e seu segredo: “Vós sois deuses”.

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