terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Não devo lembrar

Da poça que fez questão de fazer maremoto sobre mim. Do carro que não encontrou outro espaço para passar. Do dia que decidiu ser dia de tristeza. Da confusão, da escuridão, não, não devo lembrar.
Esquecer como, mas devo, de dias de humilhação. Da hesitação que rege com a batuta em riste a minha ação. Da imensidão que insiste em ser nada dentro de mim.
Olvidar eu devo, a falta de ouvidos para abarcar a intuição, o caminho. O dever não cumprido. O cumprimento que não veio. O abraço retido e o sorriso que morreu a caminho. Do caminho amargurado que bate na porta da casa para fazer via expressa.

 Não devo lembrar, mas lembro de tempos inexistentes como passados e futuro, este último que nem acontece como se deseja e instantaneamente vira passado. Lembro-me disso tudo, mas me esqueço de hoje, do agora, do tempo de fazer por onde não precisar da lista de “não devo lembrar”.

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