terça-feira, 30 de dezembro de 2014

SUSPEITAS (ou RUAN, HERÓI OU BANDIDO)

 Suspeitas são flashes provindos do “inconsciente coletivo”, segundo Jung, que quase sempre, colidem com seu eco na realidade individual. Suspeita-se, e não muito tempo mais tarde, confirma-se. Um princípio religioso e outro judicial apressam-se em demolir a teoria acima. O primeiro diz que não se deve julgar e o segundo que todo indivíduo é inocente até que se prove o contrário.
Acostumada estava eu a seguir os dois preceitos, até que uma circunstância assustadora me empurrou para o caminho do pecado e dos fora da lei.
O rapaz trazia sempre um ar destemido, um ar de herói. Estendia-se correto, esguio, ostentando um label de “confiem em mim”. Não sei por que, lá pelas tantas, apareceram as suspeitas. Eu tentava pinçar o evangelho, a justiça, mas elas continuavam lá, insistindo, caluniando.
O tempo passou. Não muito longo. Os fatos se desenrolaram. Não muitos. E a verdade confirmou minhas suspeitas. Não era herói coisa nenhuma. Meu ego inflou-se, acertara em cheio. Porém, o susto e a desilusão eram maiores que o sentido de mérito.
Agora, conhecendo alguém, lisonjeada pelo sucesso e habituada ao vício, lanço mão do inconsciente de Jung, mas, por via das dúvidas, evoco o preceito religioso e o judicial.

Evito um veredito e dou ao “culpado” o benefício da esperança. A esperança de que suas virtudes provem o contrário.

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