segunda-feira, 9 de março de 2015

Desmancha prazeres


Içamos as velas, rumo ao inventado, ao melhor do que isto. Sinceramente, não nos importa muito a chegada, mas é urgente velejar para fora daqui.
É lindo nosso veleiro, e como o vento está pra peixe, vamos indo bem veloz. O mar, todo azul, nos convida, mas não vamos mar adentro, velejamos pela costa. Vemos tudo que é praia, tudo que é verde e nada nos atrapalha.
O brilho, as cores, as possibilidades e o prazer parecem eternidade. Nas praias não aportamos, só passamos en passant. Mas dá para saber que toda música de roda, toda história de infância, tudo acontece por lá. Parece que veloz não combina com ver de tudo, mas no velejar inventado combina. A velocidade nos faz atemporais e nos liberta trazendo tudo bem perto. E saboreando, por tempo suficiente cada coisa, tudo é na hora exata, sem ansiedades, sem perdas.
Está sendo muito bom velejar num sonho privado e possível. Se é só um sonho? Que importa! Algum filósofo já levantou a questão de não sabermos ao certo se a verdadeira realidade é esta dos sonhos, ou a de quando estamos acordados.
Então, o que vale é que conseguimos atender nossa urgência de dar o fora para o melhor do que isto.
Mas, epa! Alguém nos chama. Ah, o que? É hora de trabalhar?
Ok! Vamos recolher as velas, desmancha prazeres.





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