quinta-feira, 7 de maio de 2015

Cada qual no seu quadrado

A vilazinha encastelada. Moradores admiráveis. Comidas tradicionais, respeitosas tradições.
Felizes eventos, e ela irrequieta.
Todos da mesma casta, os clãs envolvidos, brilhando disciplinados.
E ela irrequieta.
Festas dos domingos todos convidados, impávidos e esbranquiçados.
Ela, irrequieta.
“Bom dia, boa tarde”, ai que bom! Mas, ele irrequieta.
Vive fugindo para o emaranhado das árvores, para o descampado de uma ideia nova. Saindo do castelo, nas cercanias perigosas, come e bebe do que não deve. Gargalha sem disciplina, corre à solta. De castas nada entende e tem intenção de desfazer os clãs, antes de chegar às cãs.
Elástica e despretensiosa pretende ter mais de tudo a mais que não caiba, definitivamente, naquele quadrado.
Um dia, Marie apareceu radiante. Num domingo encastelado, com um novo namorado nada esbranquiçado.
E rodopiaram galantes, sob olhares faiscantes, ao tom da tradição reinante. Valsando alegres e irradiantes, bem para fora do quadrado. E fim, finalmente.

Homenagem a Marie Darrieussecq



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