terça-feira, 21 de abril de 2015

Memórias

Sujeito a chuvas e trovoadas, assim estava seu coração. Um aguaceiro já inundava lhe o colo, enquanto ela se afogava em palavras.
Palavras não ditas,palavras mal ditas,repassadas por entre os olhos. Repetidas, visíveis e doloridas, tudo ao mesmo tempo.
Quisera não existir, e a memória, também. Quisera ser salva por tudo de bom que estivesse no porão. Que a meteorologia fosse insciente e memórias fossem feitas de boa fé.
Entretanto, estava ali, nadando contra a correnteza e sendo engolida por uma baleia azul.
De nada adiantava ter vencido os trezentos metros rasos, ter um eco cardiograma invejável, nem ser bilíngue, era o fim.
Lembrou-se, então, que uma imagem vale mais que mil palavras. Projetou um lindo céu azul, um bote salva-vidas, seu artista favorito, uma maça, e começou a reescrever suas memórias.


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