quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Lívidos e vívidos

Abriram os olhos.
-“O relógio não despertou”. Tinham dormido demais. –“Mas, enfim, um sonho a mais não faz mal”.
Imprimiram a força habitual para se por de pé, mas o máximo que conseguiram foi arquear o tronco e ver as próprias pernas.
Estavam brancos demais, nus demais. Envergonhados, olharam em volta e aí, perceberam, estar eles, completos estranhos, num mesmo cômodo. Lívidos, nus e unidos, talvez, num mesmo pesadelo. Entretanto, sabiam estar atrasados para alguma coisa...
Perceberam: -“Era para a vida”!
Entreolharam-se, participando do mesmo pensamento. Levantaram-se da maca fria e se reuniram no centro do recinto. Pensamento com pensamento, chegaram a um consenso: estavam mortos! –“Então era assim”?
Decidiram ver no que dava, o mistério já não era mais mistério. Para onde agora? Não era mais para o trabalho, para o quarto de casa, nem para o shopping. Sabiam.
Entreolharam-se e de novo, os pensamentos consentiam, estavam nus demais e lívidos demais. Para onde quer que fossem, teriam que estar apresentáveis. Vestiram-se num piscar de olhos.
Sorriram. Aprovaram o estilo. Poderiam ir agora. Não tinham medo, nem angústia, nem complexos. Para o encontro marcado, com quem e onde quer que fosse, estavam prontos.

Lívidos, porém, Vívidos!

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