quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Depois da tempestade

Torrencialmente, palavra de tempestade, mas pode ser de chorar.
Troava o trovão, redundância, não pra dor. A dor troava, é a mais pura verdade.
Virá a bonança, mentira, eufemismo, utopia.
Depois da tempestade, os destroços boiarão nas águas que alagarão a cidade.
“As tempestades são tempestades, não é possível abrandar a ideia”. Cismava ele revoltado com tanta lama, tanta faísca. O som do caos não se assemelhava ao tamborilar da chuva na vidraça.
Por certo, depois daquela madrugada haveria mortos e centenas de desabrigados. Ele, por certo, estaria morto e desabrigado.
Sabia que um raio sempre cai duas vezes no mesmo lugar.
Jurava que depois da “última” estaria vacinado e curado.
Que nada, nem nadar aprendera, e naquele instante batia, repetidamente com a cabeça numa pedra fincada contra a correnteza.

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