terça-feira, 23 de setembro de 2014

Um dia

Deixar para amanhã não se encaixa somente no princípio da postergação, que traz certo ar de preguiça, prontamente condenável em qualquer cidadão.
Infelizmente, participa, mais do que deveria, do contexto do sonho, do almejar, da deliciosa mágica de poder vir a ser, que é deixada para, “um dia”. Atitude esta, mais que condenável, sentencia qualquer cidadão ao tédio.
-“Serei piloto, um dia”.
-“Ainda vou voar de Asa Delta”.
-“Meu maior sonho é construir uma máquina que faz nevar”.
-“Sempre quis ser Miss Universo”.
O deixar para amanhã se intromete e vai amolengando o cidadão. O tudo de menos monta toma conta de seus dias esquálidos, sem viço, enquanto seu brilhante desejo se esvai acinzentado, num estranho túnel do futuro.
-“Não tenho jeito pra coisa”.
-“Agora, já estou velho”.
-“Não era uma boa ideia”.
-“Ah! Era um sonho bobo”.
E lá se vão os anos. Assim, um dia, se tudo não der certo, talvez, o sonho, o almejar, o mágico vir a ser, cansados de tanto esperar virão pegar o cidadão pelo colarinho e dirão:

“É agora ou nunca”!

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