Suspeitas são flashes provindos do “inconsciente coletivo”,
segundo Jung, que quase sempre, colidem com seu eco na realidade
individual. Suspeita-se, e não muito tempo mais tarde, confirma-se.
Um princípio religioso e outro judicial apressam-se em demolir a
teoria acima. O primeiro diz que não se deve julgar e o segundo que
todo indivíduo é inocente até que se prove o contrário.
Acostumada
estava eu a seguir os dois preceitos, até que uma circunstância
assustadora me empurrou para o caminho do pecado e dos fora da lei.
O
rapaz trazia sempre um ar destemido, um ar de herói. Estendia-se
correto, esguio, ostentando um label de “confiem em mim”. Não
sei por que, lá pelas tantas, apareceram as suspeitas. Eu tentava
pinçar o evangelho, a justiça, mas elas continuavam lá,
insistindo, caluniando.
O
tempo passou. Não muito longo. Os fatos se desenrolaram. Não
muitos. E a verdade confirmou minhas suspeitas. Não era herói coisa
nenhuma. Meu ego inflou-se, acertara em cheio. Porém, o susto e a
desilusão eram maiores que o sentido de mérito.
Agora, conhecendo
alguém, lisonjeada pelo sucesso e habituada ao vício, lanço mão
do inconsciente de Jung, mas, por via das dúvidas, evoco o preceito
religioso e o judicial.
Evito um veredito
e dou ao “culpado” o benefício da esperança. A esperança de
que suas virtudes provem o contrário.
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