O guarda chegou correndo, anunciando um parto na esquina.
A parturiente deitou-se na
soleira de uma loja e o pequenino vinha vindo.
O enfermeiro da clínica pegou os
apetrechos e deslizou para o local. Voltou uma hora depois, cheio de júbilo e
manchas de sangue.
O pequeno chegou, cheio de ânsia
e de medo. Em silêncio, primeiro, e gritando, depois.
Chegara a este mundo! Espantado
ouvia e via tudo. Viu a ambulância e foi colocado dentro dela. Ouviu um barulho
esquisito: “seriam trombetas anunciando sua vinda”?
Enroscado em panos e aconchegado
àquela mulher. “A mãe”, lembrou-se dela. Já tinha visto antes aquele semblante,
mas, onde? Quando? Esforçou-se para perguntar, mas ninguém respondia.
Esforçou-se, então para lembrar sem perguntar, lembrou-se.
Uma vez, tinha vindo, ido e
agora, estava de volta. Sentiu medo e enroscou-se mais e mais àquela mulher.
Passou a não pensar nada, limitou-se a escutar. E escutava as trombetas, por
que tanto alarido? Sem respostas ou afazeres, aquietou-se, aceitando o
desembarque para lugar ignorado. Aconchegou-se à mãe e mamou.
(Homenagem ao Hilton, gerente da Gonçalves Sobrinho)
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