Levando boas novas, uma bandeira branca ou mesmo entradas
francas, o mensageiro corre riscos. Pode ser crucificado.
Mesmo com fala mansa, frases certas e voz modulada, o
mensageiro segue com o perigo na dianteira. Pode ser envenenado.
Embora nunca interrompa, pise bem devagarinho, a ameaça se
antecipa. Pode ser silenciado.
Prepara que prepara, prevendo feedback, ajusta a conversa,
mesmo com causa boa e justa, a mira de tiro está a rondá-lo. Pode ser
trucidado.
Cheio de boa vontade, com olhos de utopia, com mãos de
devolução, com ombros largos, lá vem o mensageiro. E que dó nos dá.
Um ébrio avant guarde, na corda bamba.
Equilibrando-se nos sonhos, pés no fio da navalha, caminha o
mensageiro sem nenhum temor por seu fim iminente.
E os que vai socorrer, indenizar pela vida parca, já gritam,
mal o pressentem: “matem o mensageiro”, antes que seja tarde, antes que
saibamos o que quer dizer.
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