Ajeitam-se na fila como podem,
contendo a insânia. Respeitam-se a meia boca. O vale tudo está lá nas
prateleiras. E lá se vão os homens, sedentos de coisas, não de água.
A fila anda engasgada,
serpenteando, se fazendo de besta, tão grande, tão poderosa. Guardando o troféu
lá na frente.
E lá se vão os homens,
acotovelando-se. Atentos para que ninguém lhes passe a frente.
A aflição cresce, cheia de si,
dentro deles. Eles cheios de aflição para que lhes chegue a vez. A vez de
conseguir o que foram buscar. Cada minuto de espera exala mil memórias,
conjeturas.
E se isso... E se aquilo...
E lá se vão cheios de fome de poder, não de
pão. O coração vai também, aos saltos, irritado e ansioso. Quanto mais por
último, mais desesperançoso.
Então nos últimos lugares, o tal
desalento faz um milagre. Os homens estancam, e com ele no peito, deixam de
arfar. “Pra que fustigar”? “Por que
disputar”?
Não querem mais as uvas, estavam verdes mesmo.
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