Criança senta no meio fio e bate
as perninhas, enfezada. Pede, o adulto diz não.
O adulto tem vergonha de bater as
perninhas enfezado, de sentar no meio fio, mais ainda. A vida, entretanto
continua lhe dizendo não.
Entretanto, o adulto fica furioso
por dentro e, então, pra tudo diz não. Pra isto, pra aquilo, pra aquele, pra
aquela e pra si mesmo. Não, não e não.
Acha merecer tudo com laços, com
calda, merengues e cremes. Sim, é ele, aquela criancinha no meio fio. Mas veja
só, já cresceu.
E agora? Nada mais o consola, nem
balas, nem sorvetes e até mesmo bombons.
Permanece batendo as perninhas e
dizendo não só de picardia.
Um dia, provavelmente, vai
perceber que a vida pode não ser de tantos doces, mas vai depender dele, ser de
mais “sim”.
Vai perceber que é preciso
conceder e dizer: “All right, mesmo sem creme de abacate”.
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