As mãos dela estão muito
trêmulas, meu Deus! Como vai conseguir segurar o script? Anda de um lado para o
outro, falando em voz alta, mas não memorizou tudo, não, recorre ao papel toda
hora.
As palavras não entram em seu
ângulo de visão. Mãos trêmulas e lágrimas, lágrimas pingam borrando as
palavras. Será do roteiro? Ela joga o papel na mesa. Senta-se no braço do sofá
e chora sem parar.
O papel voa para o chão, ela
tateia em vão, por cima da mesa. Recompõe-se, ergue a cabeça, como se a inspirar
inspiração. Ajeita o vestido e procura o script, no sofá, na mesa, no
chão. O bendito papel se esconde no
canto do camarim, borrado, molhado, sem servir.
Ela não se dá por achada, repete
as falas e, agora, ri. -“Se está no roteiro ou não, daqui para frente, vai ser
assim, só improvisação”.
Deixa o camarim, sobe ao palco.
Já no texto, com cacos, risos, lágrimas, tem uma determinação: vai agradecer a
plateia, no fim, batam palmas ou não.
Igualzinho à vida, sem script.
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