Içamos as velas, rumo ao
inventado, ao melhor do que isto. Sinceramente, não nos importa muito a
chegada, mas é urgente velejar para fora daqui.
É lindo nosso veleiro, e como o
vento está pra peixe, vamos indo bem veloz. O mar, todo azul, nos convida, mas
não vamos mar adentro, velejamos pela costa. Vemos tudo que é praia, tudo que é
verde e nada nos atrapalha.
O brilho, as cores, as
possibilidades e o prazer parecem eternidade. Nas praias não aportamos, só
passamos en passant. Mas dá para saber que toda música de roda, toda história
de infância, tudo acontece por lá. Parece que veloz não combina com ver de
tudo, mas no velejar inventado combina. A velocidade nos faz atemporais e nos
liberta trazendo tudo bem perto. E saboreando, por tempo suficiente cada coisa,
tudo é na hora exata, sem ansiedades, sem perdas.
Está sendo muito bom velejar num
sonho privado e possível. Se é só um sonho? Que importa! Algum filósofo já
levantou a questão de não sabermos ao certo se a verdadeira realidade é esta
dos sonhos, ou a de quando estamos acordados.
Então, o que vale é que
conseguimos atender nossa urgência de dar o fora para o melhor do que isto.
Mas, epa! Alguém nos chama. Ah, o
que? É hora de trabalhar?
Ok! Vamos recolher as velas,
desmancha prazeres.
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