Acabou-se o que era doce. O fel inundou o terreno.
Uma tempestade de dores desabou. Relâmpagos e trovões cortam
os ares dos rostos. Os olhos baixam, procurando evitar os pingos ácidos.
A enchente corrosiva parece não perdoar nada, carrega e
arrasta: anistia, afetos, compaixão e altruísmo.
Quem viveu, viveu e jamais verá, novamente, a mesa açucarada.
Todos à mingua sem comemoração.
A festa desconvidou-se. Mesas e cadeiras boiando de pernas
pro ar, num líquido verde e viscoso. Pratos emborcados indo com a enxurrada de
azedume. Não adoçam a vida de mais ninguém.
Ninguém sabe dizer o que houve. – “Chegou assim de repente”.
E como todos ficaram tão desguarnecidos de gostar e sem a
cobertura de mansidão, a calda entornou, para sempre.
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