Na exclusão da lista, o item renegado era o mais importante.
Descartado na lixeira, ele, simplesmente, aquiesceu. Fora relegado e pronto.
“C’est la vie”.
A noite chegou, o item não se moveu. No entanto, ela se
moveu. Cruzou o corredor quase sem folego. Entrou na sala, pegou a lixeira e
sentou-se com a preciosidade nas mãos. Respirou fundo e começou o resgate.
Pinçava cada folha amassada com as pontas dos dedos, cuidadosamente, para não
desintegrá-la.
O item sorriu. Tranquilo esperou sua vez e ela chegou. Ela o
desamassou com carinho, suspirou profundamente e o encostou ao peito. Chorou e
chorou. Levantou-se, estendeu-o e o
alisou com ternura.
O item remexeu-se cheio de prazer. Afinal, fora enviado,
tinha um destinatário. Ela olhou em volta e constatando a solidão, aproximou a
folha de papel do espelho. O item refletiu-se entusiasmado. Ela leu em voz
alta: “Amor”!!
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