E se aprontaram para o Auto.
Jesus estava lá, e lá estava,
também, “aquele que não se pode pronunciar o nome”. Chegaram os contadores de
histórias. “Aquele que não se pode pronunciar o nome” ajeitou-se, empertigou-se
como se a pensar: “hoje é meu dia de sorte”. Acreditava ele que contar
histórias era o mesmo que mentir, e como quem mente vai para o inferno...
Esfregava as mãos de puro contentamento.
Jesus que conhecia a verdade
estava impávido, tranquilo e infalível. Os contadores de história tinham causa
ganha, bem o sabia, não precisaria lançar mão de sua santa mãezinha.
Ariano, o contador de histórias
de Autos, estava lá, também. Havia se encontrado com “o único mal irremediável
que une tudo que é vivo no mesmo rebanho de condenados”. Via se repetir, em
frente a seus olhos, a mesma história que um dia contara e pensava consigo que
não daria gosto ao “coisa ruim”, nem convocaria a Santa, como conciliadora. É
bem verdade, que estava um tanto perplexo diante de sua criatura. Intimamente,
ansiou por João Grilo que saberia como lidar com aquela situação. Até mesmo,
desejou ter a mesma sorte do “amarelo safado”. Suou frio, um pouco, não falou
quase nada, mas ouviu muito de uma história bem parecida com a que havia
criado. Cabeça baixa, coração aos pulos que “quase iam pros pés”, aguardava
ansioso a sentença final. No final, tudo deu certo. Ficou sabendo que faria parceria
com Grilo na Terra e que ia poder viver mais “umas cem vezes”, como disse
desejar em uma entrevista.
Jesus se deu por satisfeito. O
“outro” por furioso ao saber que um contador de histórias, inventor de Autos
não são mentirosos não. São aliviadores de dores, acalentadores de corações.
Merecem o céu, a vida, e nunca irão para o inferno.
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