O espaço a perder de vista.
Nada à vista.
Plantas queimadas, com suas mãos
estendidas a pedir socorro.
Tudo em névoa.
Tudo em nada.
Invisibilidade, lei vigente.
Gente sem gente por dentro.
Teto sem teto e sem porta.
Livre em lugar nenhum.
Árvores falecidas por morte
súbita.
Cenário plácido e insistente, até
que o rei Bóreas e a rainha Aurora decidem chegar pelos ares.
Por cima de vegetação ressequida,
morta, mortinha por um raio fulminante, instalam uma cozinha para o preparo de
seu repasto.
Prédio assemelhado à imensa
abóbora moranga, em feitio e não na cor. Branco, branquinho ressaltava agora da
névoa que, desde a chegada dos reis, permanecia translúcida.
Por dentro, ah, que magnífica
cozinha. Caiada a gosto de uma realeza cheia de simplicidade. Narcisinhos
amarelos enfeitavam-na e o por fora era logo esquecido.
O repasto? Ah! Dos Deuses.
Nenhum lugar virou recanto
aprazível.
Logo, a aurora boreal encantou o
desastre. A hecatombe, subjugada por ela, desencantou o inferno, e comemos e
bebemos com os reis.
Gente, agora com gente por dentro
acariciaram as plantas fênix e estavam em casa, finalmente.
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